Como nasce a KACAU
Eu queria empoderar pessoas e despertar consciências como a Oprah Winfrey, uma das minhas maiores referências. Tantas vezes me emocionei e vibrei com a sua capacidade de comunicação, empatia e conexão em cada entrevista, gesto ou iniciativa. O seu poder incrível e transformador contagiou-me profundamente e inspirou-me a querer fazer também a mudança no mundo ao contribuir para deixá-lo um pouco melhor do que como o encontrei.
Estava crente que esse caminho também seria feito através da apresentação televisiva e durante anos investi a minha energia e os meus recursos numa carreira à frente das câmeras. Um caminho árduo e bastante dificultado pela falta de representatividade que ainda hoje existe no meio televisivo. Cheguei a ouvir do diretor de um canal que eu era ótima, ‘mas se numa entrevista estiver a Elisabete e uma mulher branca igualmente boa, vão escolher a mulher branca’.
Não foi a primeira vez que senti que o meu tom de pele era visto como uma limitação. No entanto, nunca deixei que fosse efetivamente e eu simplesmente escolhia não acreditar que algum objetivo poderia estar fora do meu alcance devido à cor da minha pele. Sempre me senti imparável. Sempre fui obstinada e persistente. Sempre me vi como igual e pertencente.
Foi assim que realizei aquele que era o meu sonho de infância. Em 2016 estava a apresentar um talk show diário na RTP África e senti que o meu momento tinha chegado. Mas na primeira emissão apercebi-me rapidamente que o meu caminho não seria por ali. Foi um desgosto amoroso e senti-me perdida ao constatar que estava longe de ter a minha própria voz naquele espaço. Eu tinha algo para dizer ao mundo, mas não era através do entretenimento.
Este desgosto empurrou-me com toda a força para o meu desenvolvimento pessoal. Eu estava ávida de conhecimento e de perceber o meu verdadeiro propósito. Investi nas mais variadas áreas, ferramentas e formações que me foram conduzindo ao centro de mim mesma, à minha verdade. Foi uma viagem extraordinária de regresso a casa, com bilhete só de ida.
Encontrei-me e nesse processo também encontrei a KACAU. Percebi que o meu propósito era viver em verdade, em total alinhamento com quem eu sou. E essa verdade teria de manifestar-se em todas as áreas da minha vida, dos relacionamentos à minha carreira.
Pelo meio fui mãe em 2019 e foi um mergulho ainda mais profundo em mim mesma. Mais do que nunca senti uma urgência em deixar ir tudo o que não me servia mais, incluindo um emprego de 10 anos que não estava mais alinhado comigo. Nessa altura, apostei todas as fichas na KACAU que estava ainda numa fase embrionária.
Acelerei o negócio ainda durante a gravidez e a marca foi distinguida, entre outras 10.000 ideias de negócio, na 9ª edição do Acredita Portugal, um dos maiores concursos do mundo para novos empreendedores. Foi a validação de uma ideia de negócio disruptiva e tão necessária.
Em 2020, em plena pandemia, precisei ancorar-me novamente na minha resiliência e determinação. Silenciei o medo e todas as outras vozes que profetizavam o pior. Escolhi ver sempre o melhor e derrubar cada obstáculo nos 4 anos de desenvolvimento da marca. Até finalmente conseguir lançar a KACAU, a 10 de dezembro de 2021, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Como me disse um grande e bom amigo nesse dia: "Vai ser um caminho sinuoso, mas tu és resiliente. Não vais ter sempre todas as certezas, mas nas dúvidas, Querida Bé, agarra-te ao verdadeiro propósito da Kacau, daquilo que tu criaste. Sim, ganhar dinheiro é importante, mas tocar e melhorar a vida das pessoas é impagável!"
E assim tem sido até hoje. Num caminho que considero que foi a passagem do meu Ego para a minha Alma. O Ego era o mundo artístico onde eu procurava reconhecimento e aprovação. Era uma exposição, com holofotes e luzes artificiais que, hoje sei, não tem nada a ver comigo. A KACAU por sua vez é Alma, é luz pura, é todo o meu brilho pessoal manifestado no meu contributo para um mundo melhor. Na minha forma de ativismo pela igualdade, respeito e inclusão.
Porque todos nós ficamos bem com uma boa luz. E ela vem de dentro.
Obrigada por estares aqui.
Com muito amor,
Elisabete
